quinta-feira, 24 de abril de 2008

A Estrada Não Conhecida


Há três semanas atrás, tive uma experiência interessante, fiz um pão depois de vinte anos. Tudo parecia muito semelhante, misturar os ingredientes, colocar a massa para descansar e por fim, levá-la ao forno pelo tempo necessário e tudo estaria pronto! O pão estaria a mesa. Ao menos era assim que eu me lembrava, mas na prática, tudo veio a ser diferente. A primeira tentativa foi frustrante, misturei todo o açúcar com o fermento e isso fez com que a primeira massa não crescesse como era esperado. Tive de limpar todos os utensílios e pesar todos os ingredientes novamente. Desta vez procurei as orientações da professora para saber onde tinha errado, foi então que percebi que para este tipo de massa, eu não poderia misturar todo o açúcar de uma vez só, como eu fazia na minha adolescência, antes, deveria usar apenas duas colheres de açúcar, misturar primeiramente com o fermento e, passo a passo, ir adicionando a farinha e por fim, a água. Caso eu não seguisse estas instruções, bem como, esta ordem, a minha massa jamais iria crescer. Fiz como ela tinha dito e para minha alegria, a massa cresceu e com ela, pude fazer o pão de cevada que estava buscando no final. Por sinal, ficou ótimo, assim como os demais pães que foram feitos naquele dia pelos outros alunos.
Voltando para casa, pude perceber que nem sempre nossas experiências no passado podem nos dizer que caminho devemos tomar.Por mais que elas nos sirvam de base, sempre estaremos vivendo novas experiências que necessitarão de novas decisões,posicionamento e atitudes que poderão ser diferentes das que no passado tomaríamos. E assim, tem sido desde o meu último relacionamento.
Procurei seguir a voz da minha “experiência”, busquei esquecer, estar com outras pessoas, etc., mas demorei a perceber que minha “massa” não crescia. Sendo cabeça dura como sou, insisti, mais uma vez, mais uma, mais uma...tantas e tantas vezes o orgulho pudesse estar presente a me motivar, mas nem sinal da massa dar sinal de vida. Não havia crescimento. Vi-me assim perdido diante de duas estradas, uma na qual eu permanecia insistindo, um antigo caminho que eu até então conhecia bem e outro que jamais havia enxergado. Como não havia como percorrer as duas para saber qual delas é a melhor para mim, fiquei, como um viajante, um bom tempo ali parado, pedindo discernimento a Deus para saber que caminho trilhar. Depois de muito pedir a Deus, mesmo relutante diante do que ouvia, pois o sentimento até então, era de permanecer neste velho caminho,pois eu já o conhecia. Escutei a voz. Olhei mais uma vez a antiga estrada até tão longe eu pudesse ver e vi cada queda, cada dor e sofrimento que marcavam o caminho até onde fazia uma curva que se perdia em meio as minhas desilusões. Voltei-me então os meus olhos para o novo caminho e meio que inseguro, mas confiante nas palavras de confiança e de dependência em Deus, comecei a trilhar a estrada não conhecida, um pouco mais maduro, sofrido e sem pretensão maior, porque até então somente o deserto vinha sendo a paisagem que tinha diante de mim. Após algum tempo de caminhada, começei a sentir, mesmo que suavemente, o cheiro de grama molhada ao longo desse novo caminho, as coisas pareciam estar a mudar, mas eu não consigo ver o restante da paisagem, pois cheguei a uma montanha que cortava a estrada, se interpondo entre o que eu sentia e o que esperava encontrar. A montanha era íngreme e por algumas vezes tentei escalá-la, porém, sem sucesso. O peso que até então eu vinha carregando, era demais para mim, era preciso deixá-lo para trás. E assim como foi no início da jornada, quando abri mão da minha independência, era preciso agora, abrir mão do que me era tão precioso. E assim o fiz, deixei o meu passado ali aos pés da montanha, mesmo não sabendo se estava certo, desconhecendo por completo o que se encontra por detrás desta montanha, mas naquele momento, dei o primeiro passo, deixando para trás as lembranças, cobertas por folhas que não haviam sido pisadas. E comecei a subir, deixando com que cada caminho ao longo dessa subida me levasse a outro. Ainda continuo a subir. De onde estou, ainda consigo ver o que deixei para trás e que para mim foi muito difícil abrir mão. Olho para o cume e vejo o quanto ainda estou distante. Creio que só o tempo poderá me consolar agora, pois onde estou é solitário e a noite faz muito frio. Mas não há outro lugar que eu gostaria de estar, pois não há lugar onde se possa estar mais perto do céu, tão azul e sem nuvens e sentir a presença de Deus, bem como, enxergar melhor todo o vale e perceber que duas estradas separavam a minha vida e que hoje eu escolhi a menos percorrida a qual pode vir a fazer toda a diferença...

Fica com Deus...

ps: para uma amiga especial que sempre esta presente na mina vida e que tem feito do MALU dias unicos...=)