segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Mena e o jovem à beira do lago


Há muito tempo, um certo jovem crescerá à margens do rio Vandri, seu nome era Mena e desde cedo demonstrara grande sabedoria e apreço pelos ritos e doutrinas de sua religião. Tornou-se com o tempo um dos maiores discípulo da casa Zargoon, Deus do Fogo e com grande zelo defendia suas verdades a ponto de perseguir seus opositores. Certa noite, enquanto discorria à beira do rio, sob a luz do luar, para um grupo de jovens sobre os problemas da vida de natureza moral e do quanto isso impedia o crescimento espiritual, teve suas colocações interrompidas por poucas palavras. Alguém estava recitando os versos de Zargoon, de modo inapropriado do outro lado do rio. Como zeloso guardador dos ritos sagrados e mestre pensou de imediato que era o seu dever atravessar o rio e corrigir aquele homem que, fosse por ignorância ou falta de orientação estava emitindo erroneamente a oração. Tomou o barco mais próximo e partiu em direção da outra margem.
“Como acha-lo se não tenho fogo para iluminar o meu caminho?” – pensou Mena – “ Ó Zargoon, quão grande é o teu poder e majestade, quisera que eu como teu fiel discípulo tivesse o conhecimento e o poder necessário para fazer o fogo e assim dissipar a escuridão que me separa deste infiel que não sabe o que faz!”
Tateando em meio à cerração da noite e guiado pelo som, Mena acabou encontrando um jovem deitado com a cabeça recostada sobre uma pedra à margem do rio e os olhos fitos nos céus, recitando os versos de Zargoon como Mena nunca tinha visto.
- Meu amigo – disse Mena – olhe para você! Isso não são modos de se colocar diante de Zargoon? Ainda mais, você está pronunciando incorretamente a oração. – Explicando logo em seguida como devia fazê-lo.
- Obrigado meu amigo – disse humildemente o jovem.
Tendo terminado seu trabalho ali, Mena se dirigiu ao barco, orgulho e satisfeito pelo que acabará de fazer. Afinal, há muito fora dito que, um homem de espírito puro pronunciando corretamente a oração de Zargoon poderia até mesmo criar o fogo. Fato que nunca virá antes, mas que tinha a esperança de um dia contemplar ou mesmo de realizar.
Caminhando em direção ao barco, Mena continuava refletindo sobre o tema que havia começado a discorrer no início da noite, sobre a malícia, a falta de moral e de como os homens apesar do conhecimento da verdade, persistem nos seus erros. Porém andando não mais que poucos metros, percebeu que não ouvia mais a oração do modo que ensinara.
“O que será que aconteceu?” – imaginou Mena.
Foi então que ouviu de modo vacilante a antiga oração ser novamente pronunciada. Irritado com aquela atitude, Mena se voltou para o local onde encontrará o jovem e se pôs a caminho com raiva em seus olhos, contudo, ao dar alguns passos, percebeu uma luz em meio às trevas vindo em sua direção. Era o jovem que, com uma chama de fogo em uma das mãos, iluminava o caminho por meio a escuridão. Espantando e sem palavras, Mena parou e esperou o jovem se aproximar. Quando este chegou junto de Mena lhe disse:
- Mestre, desculpe incomodá-lo mais uma vez, mas tive de vir aqui para lhe perguntar sobre a maneira que é frequentemente usada para pronunciar a oração que a pouco me ensinastes, pois a mesma é muito difícil de recordar...

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