A fumaça dos sacrifícios subia em direção aos céus. Os sacerdotes, os heróis do Templo, como há muito tinham sido orientados, prosseguiam com os ritos cerimoniais, concentrados na disciplina e na tradição que há mais de séculos haviam sido passadas de pai para filho. Era algo quase que mecânico, uma máquina envolta pelo o ativismo, que bem lubrificada, mantinha-se fiel às tradições. Era algo intenso.
O povo estava presente, mas e os seus corações e mentes, onde estavam? Era percebido por muitos a insensibilidade, injustiça social e indiferença para com os pobres, estrangeiros e viúvas, mas porque o povo permanecia cego diante de tanta opressão?
Segundo a palavra, como em toda história de super-herói, Deus, extremamente desgostoso com a observância religiosa externa, praticada sem sinceridade de coração, sem compromisso com a justiça social e compaixão pelo o mais pobre e mais fraco, levantava um anti-herói. O profeta!
Vejamos um exemplo deste reino em ação, um típico cavaleiro de Deus:
“Já não suporto mais os seus gordos carneiros, nem o sangue dos animais que vocês me oferecem. Para que servem o sacrifício, se vocês nem sentem tristeza quando pecam? O incenso que vocês queimam para mim, cheira mal. Suas festas religiosas – a lua nova e o Dia do Descanso, os seus jejuns – não passam de grosseiras mentiras! E não há nada que Eu odeie tanto quanto uma religião fingida! Eu não agüento mais todas essas festas. Eu sofro com elas. Já nem posso olhar para essas cerimônias! De agora em diante, vocês podem orar com as mãos para os céus, mas Eu não vou atender! Podem fazer muitas orações, mas Eu não ouvirei nenhuma delas. E sabem por quê? Porque vocês todos são assassinos! As suas mãos estão sujas com o sangue das suas vítimas inocentes. Vamos, limpem-se de seus pecados! Limpem-se!Não quero mais ver vocês fazendo todas essas maldades, parem de uma vez de fazer o mal! Aprendam a fazer o bem, a ser honestos e a ajudar os pobres, a lutar pelos direitos dos órfãos e defender a causa das viúvas .” (Isaías 1:11-17).
Os sacerdotes, heróis do Templo, tinham as credenciais, tinham o traje de herói, se portavam até como tal, mas se deixaram levar pelos ritos e cerimônias que valorizavam aquilo que eles, internamente, deveriam ser, mas que apenas externavam. Já os profetas, os anti-heróis, não tinham credenciais, nem traje com capa de superman. A única coisa que os diferenciavam era algo singular, uma espécie de paixão pelos fracos e oprimidos e uma compreensão viva da palavra de Deus que os tornavam heróis autênticos. Porém, como era de se esperar, uma vez que sua missão era o de mudar a ordem estabelecida, suas vidas, atos e palavras provocavam o maior tumulto! Ou vocês não estão lembrados do Superamoroso Oséias que casou com uma prostituta, ou do grande rebelde Ezequiel, Grande Hippie, que além de fazer um protesto público nu, ainda comeu merda? Isso sem levar em conta o mais punk de todos, Elias, Mr.Pancada, que além de ter dado um “hadouken” no cordeiro diante de todo o povo, desceu o cacete nos sacerdotes de Baal que estavam desviando o povo da verdade, matando a todos.
Estes e outros anti-heróis deram início a um tipo de movimento revolucionário, que seria mais tarde conhecido como o “Reino”. Era uma turma que não se deixava intimidar por nada. Estavam sempre envolvidos em atos públicos e em ações que externassem a mensagem que desejavam proclamar. O grande líder da galera do “Reino”, assim como muitos da turma, não era um sacerdote legítimo no sentido tradicional. Não possuía as credenciais para o sacerdócio da linhagem de Arão e acima de tudo, era dado a uma festinha e um vinhozinho, sempre no meio dos piores elementos segundo os heróis do Templo, mas foi o maior de todos anti-heróis, o maior de todos os profetas, surgindo da obscuridade com uma mensagem chocante, perturbadora e inflamada! A mensagem do Reino! Mensagem essa que poderia ser atraente para os mais fracos e oprimidos, mas que, com certeza, tirava do sério a galera da situação, para quem a ordem atual estava ótima, visto as regalias e oportunidades da máquina da religião gerar lucros que, por sinal, estava indo de vento em popa, com o câmbio sempre favorável e a compra e venda de animais em alta! Putz! Fico até imaginando o que os heróis do Templo devem ter pensando quando Jesus apareceu, enchendo o saco deles desse jeito, principalmente, quando armou o maior barraco, derrubando os pontos dos cambistas, que eram associados dos heróis do templo, descendo o cacete com um chicote na mão, mais parecia a pré-estréia do filme do Indiana Jones, se não fosse pela quebradeira e bicho correndo solto. O Greenpeace teria feito a festa! Alguns podem até ter pensando que estavam em copa no meio de mais um arrastão. Com certeza os sacerdotes devem ter comentando uns com os outros: “O cara tá sempre metido com todo tipo de gente, veio lá da Galiléia, aquele antro de gentios, mói de gente que não presta, de onde nada de bom pode vir, nos chama de hipócritas,dizendo que se alguém quer entrar no "reino dos céus" que sua justiça tem de ser maior do que a nossa, mas de noite, ta aí, metido a beber e comer com tudo que é bandido, coletor de imposto, prostituta e marginal. Depois de tudo isso, ainda arma uma muvuca dessa aqui!!! No nosso templo!!! Filho...!!! Esse cara o maior arruaceiro, impuro e dissimulado que já vimos,quem é ele pra falar mal de nós, os heróis do Templo, os grandes sacerdotes, nos chamando de um bando de hipócritas e oportunistas? Nós temos que quebrar esse cara no pau!!! Vamos matar esse herege de uma figa!!!”
Jesus, O Messias, conhecido pelos mais íntimos como “Memê”, pois curtia estar com aqueles que O amam, que procurava trazer pra perto de si todos aqueles que o "Templo" dizia serem pecadores e impuros e se relacionava de um modo maravilhoso com esse pessoal que não dava em outra, você via essa turma mudando seus pensamentos, modo de vida, etc. Memê chegou proclamando que poderíamos ter uma vida completamente diferente da que estávamos vivendo, uma vida plena e abundante, interagindo de um modo íntimo com o Todo-Poderoso e com ele mesmo, o grande “Xavier” dos profetas.
Memê, demonstrou à todos que queriam fazer parte do “Reino” que bastava aceita-lo como mestre e que se arrependessem dos seus caminhos, considerando assim, a possibilidade de estarem no caminho errado, passando a considerar um outro novo caminho, revendo a própria forma de pensar e ver as coisas. De maneira que suas vidas se tornassem significativas, não só para si mesmo, mas, principalmente, para os outros.
Quando isso acontece, faz com que estejamos mais preocupados em assistir os outros em suas necessidades físicas e espirituais, como todo verdadeiro super herói, ao invés de estarmos preocupados em partimos para o céu. Paulão mesmo já dizia que queria partir para o céu, mas por amor, via que era vontade do mestre que ele ficasse para ensinar, orientar e confortar os mais fracos.
É fato que, Jesus mesmo disse que se uma árvore cheia de folhas, por mais bela que fosse, porém sem frutos em ações, que deixasse de amar aos outros, não só o do seu grupinho, mas o que verdadeiramente, precisam dela e, em vez disso, passasse a julgar, se tornando insensível, que essa pessoa de modo algum era da “galera do Memê” e que sua fé seria inútil, ou seja, ele seria apenas mais um herói do Templo, um herói de mentira.
É nestas horas que me pergunto: Sou um herói de mentira?
Se não sou, não preciso esperar que qualquer coisa aconteça! Posso começar a viver de verdade, tendo um estilo de vida que reflita o caráter do “Reino” em meio às pessoas que carecem de auxílio. Se não for assim, se eu apenas me vejo como membro de um seleto grupo, levado por um conjunto de regras e rituais, tô mais pra cheirar incenso do que viver o que Jesus tinha para mim. Toda essa minha vida religiosa, de comunhão com meus irmãos, etc., não passaria de uma viagem! Talvez seja a este tipo de religiosidade que Marx se referia quando disse que a
religião é o ópio do povo! E todo mundo sabe como termina a viagem de um drogado, independente da droga que ele ta usando! Ao invés de uma vida diária disponível a todos, perderei os “poderes” do Reino e esse não mais atuará em mim.
Então, de que grupo você faz parte? Dos heróis do Templo ou dos anti-heróis do Reino?
Estamos falando de um novo estilo de vida, uma nova vocação, centrada na prática da mensagem do Mestre, faixa preta e sensei, Grande Memê!!! Ele esta no centro do tatame e coloca o desafio da seguinte forma pra você:
Como meu discípulo, se aprende a obedecer a tudo o que Ele lhes ordenou...
assim como eu obedeci, tá ligado?!(Mt 28:18-20). Pronto para a mudança? Pronto para seguir Jesus todos os dias durante todos os dias de sua vida? Pronto para abrir mão de suas prioridades e vontades? Pronto para deixar de “mamar” leitinho e comer alimento sólido?!
Se sua resposta for sim, bem vindo ao Reino brother!!!
Deus o abencoe na boa e firme no Reino!